Histórias Populares Origens e Carasterísticas

O CONTO POPULAR


  • Algumas considerações:

           O conto é um tipo de narrativa que se opõe, pela extensão, quer à novela, quer ao romance. É sempre uma narrativa pouco extensa e a sua brevidade tem implicações estruturais: reduzido número de personagens; concentração do espaço e do tempo, ação simples e decorrendo de forma mais ou menos linear.

        Embora o conto seja hoje uma forma literária reconhecida e utilizada por inúmeros escritores, a sua origem é muito mais humilde

ORIGEM: Antigamente, as pessoas, nos seus serões, contavam histórias irreais ou  verídicas, pois não tinham outra diversão. Geralmente essas histórias eram contadas à lareira.
O conto popular teve origem não nas camadas mais cultas da sociedade, mas sim no povo. Talvez venha daí o facto de não ser escrito, pois as pessoas, geralmente, não sabiam ler.
As pessoas mais velhas são os agentes de transmissão do conto. São elas que, normalmente, transmitem esses contos aos seus netos. Assim, o conto vai de geração em geração e muitas vezes é alterado, pois “Quem conta um conto acrescenta um ponto”.
O conto é pois, uma narrativa com raiz na tradição oral. O seu relato ocorria, em geral, num ambiente comunitário, ao serão.
Dada a sua origem popular, o conto de que falamos aqui não tem propriamente um autor, entendido como um ser humano determinado, ainda que desconhecido. Na realidade ele constitui uma criação coletiva, dado que cada "contador" lhe introduz inevitavelmente pequenas alterações ("Quem conta um conto, acrescenta um ponto.").

        É bom ter consciência de que os contos populares com que hoje nos defrontamos são diferentes daqueles que, durante séculos, foram transmitidos oralmente de geração em geração. Em primeiro lugar, porque o seu registo por escrito implicou necessariamente alguma reelaboração. Em segundo lugar, porque no ato de narração oral o código linguístico era acompanhado por outros códigos, variáveis de contador para contador e irreproduzíveis na escrita (a entoação, a ênfase, os movimentos corporais, a mímica...).


    Também não podemos esquecer que o auditório estava fisicamente presente e condicionava o ato de narração, fazendo comentários ou perguntas e restringindo, com a sua censura implícita, a imaginação criadora do contador. É essa censura latente que ajuda a compreender a permanência dos elementos essenciais, independentemente do tempo e do espaço.
         O interesse dos intelectuais pelo conto popular surgiu no século XVII, quando, em 1697, Charles Perraut publicou a primeira recolha de contos populares franceses, que incluía histórias tão conhecidas como "A Gata Borralheira", "O Capuchinho Vermelho" e "O Gato das Botas". Esse interesse pela literatura popular acentuou-se no século XIX, com os trabalhos dos irmãos Grimm, na Alemanha, e Hans Christian Andersen, na Dinamarca. Em Portugal destacaram-se nessa tarefa investigadores como Teófilo Braga, Adolfo Coelho, Leite Vasconcelos e Consiglieri Pedroso. O próprio Almeida Garrett recolheu no seu Romanceiro numerosas narrativas em verso, que são afinal parentes próximos do conto popular.

CARACTERÍSTICAS: O conto prende-se pois, com o povo e com a população mais rural, menos «letrada».
A estrutura, basicamente, desenvolvia-se em cinco momentos: 
          . a  apresentação da situação; 
          . o acontecimento perturbador; 
          . os acontecimentos e peripécias passados pelo herói 
          . o desaparecimento do motivo perturbador 
          . a conclusão.

As personagens principais são, de um modo geral, anónimas e poucas, envolvendo classes sociais diferentes; reduzem-se muitas vezes a  três elementos: a heroína, o herói e  o elemento representativo do mal (fada, bruxa ou velha).

O espaço e o tempo são muito vagos ou quase nulos; são indefinidos e indeterminados.

O encantamento e a simbologia dos nomes e dos números impõem-se no evoluir das histórias (é constante a referência ao número três). Uma das características do conto é a presença do maravilhoso: é característico haver dragões, fadas, feiticeiras, bruxas...

Os contos também têm uma característica muito importante: a moralidade  (que muitas vezes pode ser expressa em provérbio). Nela assistimos sempre ao triunfo do Bem sobre o Mal.
Os contos que, normalmente, são contados às crianças são muito importantes, pois têm uma dupla função, lúdica e didática, ou seja, elas podem divertir-se e aprender ao mesmo tempo. Destinavam-se, sobretudo, a passar uma mensagem moralizadora, mas também a divertir e entreter o núcleo familiar, os amigos e vizinhos.


Funções (importância) do conto 

Em maior ou menor grau, o conto popular tinha as seguintes funções:
·                    preencher os tempos de lazer;
·                    propor aos ouvintes modelos de comportamento;
·               transmitir os valores e conceções do mundo próprios daquela sociedade.

Em síntese, podemos dizer que os contos tinham (têm) uma função de entretenimento e uma função educativa. Por um lado, constituíam uma das formas de ocupar os tempos livres, geralmente os serões, reforçando os laços de convivialidade entre os membros da comunidade e despertando a imaginação dos assistentes; por meio deles era possível compensar a dureza e a monotonia da vida quotidiana, fugindo para mundos distantes e vivendo papéis e situações empolgantes. Por outro, concediam aos mais velhos um instrumento privilegiado para levarem os mais novos a interiorizarem valores e comportamentos considerados aceitáveis.


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O que é um conto popular?


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Contos Tradicionais


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